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quinta-feira, 10 de março de 2011

Juramento de Hipócrates

“Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza. Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra."
(Atualizado em 1948 pela Declaração de Genebra).

Em mais de uma oportunidade este blog se debruçou sobre questões técnicas do Direito Médico, que além de ser tema que cresce exponencialmente nos tribunais pátrios, é uma das áreas de atuação profissional da blogueira. Todavia, este post possui um viés diferente, eis que o tema passou a assumir um contorno bastante particular à autora, que recentemente se viu no papel de vítima de erro médico. Poderia aqui narrar a situação vivenciada e expor, em tons de desabafo, o misto de sentimentos de dor, aflição, medo, tristeza e terror que acometem todos aqueles que em algum momento padeceram em virtude de um mau atendimento, mas não é este o mote do artigo.

A questão central é a inobservância, por parte de alguns profissionais, do juramento acima transcrito, e do dever de ZELO, CAUTELA, PROTEÇÃO que os mesmos possuem em relação aos seus pacientes. O dano moral, tão postulado em juízo nos casos de erro médico (que também pode ser provocado por dentistas, enfermeiros, anestesistas, e outros profissionais da área da saúde), advém da CULPA, a qual se apresenta em três diferentes modalidades: 1) imperícia = falta de técnica, de conhecimentos práticos; 2) imprudência = agir impensado, temerário, perigoso, sem atentar para as conseqüências do ato; 3) negligência = conduta desleixada, falta de cuidado, de prudência.

Por certo que para existir uma condenação judicial em indenizar o paciente pelos danos morais e porventura materiais suportados, a culpa deverá ser cabalmente comprovada, através da equação: resultado danoso = conduta praticada + nexo causal. O problema é que, muitas vezes, a vítima do malefício não sobrevive ao erro, e a suposta “compensação financeira” obtida não é capaz de aplacar, tampouco amenizar a dor da perda de um ente querido. Portanto, doutores, honrem o juramento sagrado feito no momento da formatura. Salvem vidas, protejam vidas, zelem pelas vidas que chegam a seus cuidados. Dediquem seu tempo a ouvir o doente fragilizado, com paciência, carinho e aceitação. Dignifiquem sua tão nobre, essencial  e humanitária profissão.

Para encerrar o post, não poderia deixar de transcrever a lição do nobre e dedicado Dr. Dráuzio Varella, sob forma de conselho de quem vive a Medicina com paixão e cuidado há mais de 30 anos, e que deve servir de exemplo e inspiração para as novas gerações de médicos brasileiros:

“Apesar de absolutamente necessário, o domínio da técnica não basta. O exercício da medicina envolve a arte de ouvir as pessoas, de observá-las, de examiná-las, interpretar-lhes as palavras e de discutir com elas as opções mais adequadas. O tempo dos que impunham suas condutas sem dar explicações, em receituários cheios de garranchos, já passou e não voltará.

Talvez a aquisição mais importante da maturidade profissional seja a consciência de que a falta de tempo não serve de desculpa para deixarmos de escutar a história que os doentes contam. De fato, muitos deles se perdem com informações irrelevantes, embaralham queixas, sintomas e, se lhes perguntamos quando surgiu a dor nas costas, respondem que foi no casamento da sobrinha. Nesses casos, o médico competente é capaz de assumir com delicadeza o comando do interrogatório de forma a torná-lo objetivo e exeqüível num tempo razoável.

Nessa área, sim, temos muito a aprender com os velhos mestres. Hipócrates acreditava que a arte da medicina está em observar. Dizia que a fama de um médico depende mais de sua capacidade de fazer prognósticos do que de fazer diagnósticos. Queria ensinar que ao paciente interessa mais saber o que lhe acontecerá nos dias seguintes do que o nome de sua doença. Explicar claramente a natureza da enfermidade e como agir para enfrentá-la alivia a angústia de estar doente e aumenta a probabilidade de adesão ao tratamento.

Muitos procuram nossa profissão imbuídos do desejo altruístico de salvar vidas. Nesse caso, encontrariam mais realização no Corpo de Bombeiros, porque a lista de doenças para as quais não existe cura é interminável. Curar é finalidade secundária da medicina, se tanto; o objetivo fundamental de nossa profissão é aliviar o sofrimento humano.”

http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/502/o-juramento-de-hipocrates

Juramento de Hipócrates original:

http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Historia&esc=3

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